quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Meu quarto

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.
[Caio Fernando Abreu, "Os dragões não conhecem o paraíso"]


Mais um blog. O quarto!
Que este seja doce. Que dure para sempre. Que seja minha casa de chá, exercício da disciplina, da rotina, do descanso, "um descanso na loucura"! Que seja eu, meu caminho em torno do nada, para nada: que seja música para todos os dias. De agora em diante, será perdido o único dia em que não se escreveu. Existe ainda uma eternidade de faíscas que devem ser acesas na nossa busca incessante pela descoberta do fogo.
O fogo começa aqui. Que seja feita a nossa vontade!